Quase quatro meses após o incêndio da boate Kiss, a morte de uma
paciente que chegou a comemorar pelo Facebook o início de sua recuperação
aumentou o tamanho da dor de Santa Maria, elevando para 242 o número de vítimas
da tragédia.
A pedido da família, o Hospital de Clínicas e a Secretaria de Saúde de Porto
Alegre não informaram a causa do óbito, mas funcionários do Departamento Médico
Legal (DML) revelaram extraoficialmente que Mariane Wallau Vielmo, 24 anos,
teria desenvolvido uma pneumonia em consequência das queimaduras.
É o que afirma, também, o cirurgião plástico Ciro Portinho, que acompanhou a
jovem desde que ela chegou ao Clínicas, em 27 de janeiro. Segundo ele, a causa
da morte foi falência de múltiplos órgãos, em decorrência de infecções e
pneumonia.
Natural de Santiago, na região central do Estado, Mariane era estudante de
Sistemas de Informação no Centro Universitário Franciscano (Unifra), em Santa
Maria, e teve a morte notificada às 5h15min de domingo. Abalados, familiares
preferiram não se manifestar.
De acordo com assessores do Clínicas, a piora no estado de saúde da paciente
se acentuou nos últimos 15 dias, quando Mariane permaneceu internada na UTI, com
ventilação mecânica e sessões de hemodiálise. Até então, os amigos acreditavam
que seria diferente. Em sua última mensagem no Facebook, em 2 de abril, a
universitária escreveu: "Primeiro dia q consigo escrever aqui, estou me
recuperando bem...".
Antes, em 23 de fevereiro, havia ditado um texto para o irmão publicar em sua
página, em que dizia que estava melhorando e agradecia as manifestações de
carinho: "Eu to bem, em breve já vou pro quarto! Sigam rezando e enviando
mensagens positivas, pois saibam que isso me faz muito bem. Estou conseguindo
até tomar coca já!", avisava.
Internação pode ser agravante
Por orientação da família, os detalhes clínicos não foram divulgados, mas
especialistas no tratamento de queimaduras observam que o longo tempo de
internação pode ter sido um agravante. De acordo com o diretor do departamento
de coordenação dos hospitais da Secretaria Estadual da Saúde, Antonio Fernandes,
que é cirurgião plástico do Centro de Queimados do Hospital Cristo Redentor e
monitora ambulatoriamente 15 vítimas que sobreviveram ao incêndio na boate Kiss,
pacientes com queimaduras são particularmente vulneráveis a infecções e
bactérias porque ficam com a pele muito exposta. Segundo ele, em torno de 30%
dos queimados internados por mais de 30 dias têm risco de desenvolver pneumonia.
— Esses pacientes de Santa Maria têm uma lesão pulmonar muito severa em
função da fumaça tóxica. Se houve pneumonia, pode ser em função da lesão
pulmonar causada pela fumaça ou pelo grande tempo de internação. Ou ainda uma
soma dos dois — avalia.
Para tentar reduzir o tempo de internação, Fernandes diz que uma das
estratégias é fazer enxerto precoce, com substitutos temporários de pele, como
bancos de pele ou pele animal, até a substituição definitiva com pele do próprio
paciente.
Apesar da falta de conhecimento sobre os detalhes do quadro clínico de
Mariane, médicos que atuam na área manifestaram surpresa com a morte, após mais
de três meses de internação e aparentes sinais de melhora.
— Não é comum. Existe o imponderável. Mas o grande tempo de internação é
danoso — avaliou um especialista em queimados.
Mariane foi sepultada às 10h desta segunda-feira, em Santa Maria.
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