quarta-feira, 27 de março de 2013

Acesso difícil prejudica operação para conter fogo na Estação Ecológica do Taim

A salvação contra o incêndio que consome a Estação Ecológica do Taim desde terça-feira, no sul do Estado, terá de vir literalmente do céu: pela chuva ou por aviões que despejam água em repetidas tentativas de apagar as chamas.




Até o final da tarde de quarta-feira, o fogo já havia atingido cerca de 700 hectares — o equivalente a 648 campos de futebol com as dimensões máximas permitidas. O risco de a área atingida aumentar é grande, já que não há como chegar ao local por via aquática ou terrestre.



O chefe da Estação Ecológica do Taim, Henrique Ilha, afirma que não é possível enviar equipes para a região pelo solo.



— A área atingida é formada de água com vegetação em cima. A água ficaria na altura do pescoço de uma pessoa, ou seja, é impossível deslocar gente. Como tem vegetação em cima, o fogo pega só ali e se espalha com o vento — explica Ilha.



Uma das opções seria combater o fogo com barcos desde um canal próximo, mas o foco do incêndio está distante 1,2 quilômetro da água, o que inviabiliza a operação. Estão sendo usados dois aviões agrícolas de voluntários para combater o fogo.



O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), responsável pela reserva, contribui com o combustível para realizar 10 voos por hora. Em cada descida, abastecem o avião com 600 litros de água de uma barragem improvisada em uma fazenda.



A expectativa para quinta-feira é de que cheguem dois aviões do ICMBio com capacidade de 2 mil litros cada. O fogo começou a ser enfrentado apenas quarta-feira porque, no primeiro dia, os responsáveis não conseguiram chegar à área por terra ou água.



O tamanho da área prejudicada está sendo monitorado por satélite e sobrevoos com ajuda de um helicóptero da Marinha.



— Como não é época de reprodução das aves, os mais atingidos são os pequenos animais como cobras, sapos e ratos, que não têm tanta possibilidade de movimento — informa Ilha.



Ele ainda destaca que, para o fogo ser debelado, o ideal seria chover ou esfriar bastante à noite. Apesar dos 700 hectares estarem queimados, nem todos seguem em chamas, já em alguns locais a água e a umidade do ambiente apagaram o fogo.





Avanço das chamas será reavaliado por técnicos na manhã de quinta-feira

Foto: Lauro Alves, Agência RBS



O biólogo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) David Marques afirma que ainda não há como fazer uma estimativa precisa dos danos ambientais. Mas ele acredita que, entre a fauna, as vítimas sob maior risco são pequenos animais com maior dificuldade de locomoção.



A vegetação típica do banhado, formada em grande parte por um tipo de palha, seria capaz de se recuperar em poucas semanas.



— O fogo não mata o caule subterrâneo da vegetação. Ele logo emite novas folhas, com um crescimento fantástico. Em um mês, é possível ver o verde de novo — afirma Marques.



O biólogo destaca que a vegetação das áreas alagadas favorece incêndios mesmo fora de períodos de seca, como agora. A meteorologista Maria Angélica Cardoso, do Centro Estadual de Meteorologia, informa que choveu 46 milímetros no Chuí e 49 milímetros em Santa Vitória do Palmar entre o começo do mês e o dia 26.



As chamas se propagam mesmo assim porque, apesar da presença de água junto ao solo, as folhas secas ou com pouca umidade acima dela são suscetíveis ao fogo.



O que é a Reserva do Taim



Criada por decreto em 1986, a estação ecológica do Taim (ESEC Taim) é considerada hoje pelo Ministério do Meio Ambiente uma das maiores e mais importantes reservas ecológicas do país.



Compreendendo partes dos municípios de Rio Grande e de Santa Vitória do Palmar, entre a Lagoa Mirim e o Oceano Atlântico, o Taim tem uma área total de 32.038 hectares.



A reserva é casa de pelo menos 30 espécies diferentes de mamíferos e 250 aves, onde destacam-se animais como biguá, tarrã, maçarico-do-banhado, garça-moura, cabeça-seca, socozinho, gavião-chimango, martim-pescador, cisne-de-pescoço-preto, coscoroba, marrecão-da-Patagônia, marreco-piadeira.



Entre os bichos de maior porte estão: capivara, ratão-do-banhado, cachorro do mato, lontra, tuco-tuco, jacaré-de-papo-amarelo.



A administração da estação está atualmente a cargo do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), uma autarquia vinculada ao Ministério do Meio Ambiente.



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