Atração principal da primeira edição da Festa do Mar, quinta participação do Esquadrão no evento está agendada para o dia 23 de abril
Há quase cinco décadas, a cidade do Rio Grande recebeu como convidado de honra da, então, primeira Festa do Mar, quatro aeronaves da Esquadrilha da Fumaça, considerada pelos jornais da época, como a “guarda de honra” e o “grupo de elite” das Forças Armadas Brasileiras (FAB). As ousadas e arrojadas acrobacias ocorreram na orla da praia do Cassino, na manhã do dia 26 de novembro, último dia do evento desenvolvido em 1961. Em comemoração aos 50 anos da primeira realização da maior Festa da região sul do Estado, a Esquadrilha da Fumaça confirmou no início desta semana a sua participação na 13ª edição do evento, que neste ano ocorre de 14 a 24 de abril, evidenciando o tema “Estas águas nos pertencem”.
A apresentação, já confirmada no site da Esquadrilha, foi marcada para o sábado do dia 23 de abril, penúltimo dia do evento. Esta será a quinta participação do Esquadrão de Demonstração Aérea (EDA) - nome oficial da conhecida esquadrilha - na Festa do Mar. As últimas acrobacias aéreas foram vistas no céu do cais do Porto Velho, na 11ª edição do evento, em 2007. A frota é composta por aviões turbo-élice Tucano T-27, fabricados no Brasil pela Embraer. Durante o show aéreo, um oficial fica em terra para explicar as manobras e os movimentos ao público, através do sistema de auto-falantes. Próxima dos 59 anos de atuação, a Esquadrilha da Fumaça é considerada uma das melhores do mundo, sendo reconhecida pelo livro dos recordes.
Através de quatro aeronaves modelo North American, a Esquadrilha da Fumaça, apresentava-se pela primeira vez na região sul do Estado. Matéria assinada pelo Jornal Rio Grande, único periódico papareia da época, comentou a inédita e calorosa recepção do público, em 27 de novembro de 61: “A praia do nosso balneário apresentava um aspecto festivo, completamente lotada, em larga extensão, por veículos procedentes de diversas partes do Estado e do País. O show aéreo promovido pelos azes da FAB constituiu-se num verdadeiro espetáculo”.
Na mesma edição, o jornal ainda destacou as palavras do capitão Alaor Vieira de Castro, então, líder da Esquadrilha. “Tive, em diversas ocasiões, oportunidades de participar no Brasil e no exterior, juntamente com meus colegas, de festas e solenidades. Entretanto, posso dizer, com profundo conhecimento de causa, que a Festa do Mar, que, em boa hora Rio Grande resolveu promover, sobrepuja a todas. A praia do Cassino, por si só, é uma atração verdadeiramente notável. É com a maior das satisfações que participamos deste notável evento. Esperamos poder voltar à esta terra boa e hospitaleira na próxima Festa do Mar”.
Curiosidades
- Festa do Mar: as apresentações anteriores aconteceram em novembro de 1961 (1ª edição), 1993 (4ª edição), 1995 (5ª edição), e na 11ª edição, em 2007;
- "Cambalhoteiros" foi o primeiro apelido dado à Esquadrilha por suas peripécias no ar, ainda sem expelir a fumaça que mais tarde lhe daria o nome popular;
- A primeira aparição pública data de 14 de maio de 1952, na cidade de Mogi-Mirim (SP), com um T-6. É nesta data que o Esquadrão oficialmente comemora o seu aniversário. No entanto, somente dois anos depois da primeira demonstração pública, a FAB deu crédito merecido ao grande potencial da Esquadrilha, devido a uma apresentação memorável realizada no Parque do Ibirapuera em São Paulo, capital;
- A introdução da fumaça no espetáculo foi uma idéia do então Tenente Domenech, ao ver uma aeronave riscando nos céus do Colorado (Estados Unidos). Ao retornar ao Brasil tentou aplicar a técnica. Após algumas tentativas infrutíferas, Domenech viu na praia de Ipanema (RJ), um avião escrevendo o nome de um produto no céu. Seguindo as orientações do piloto, o tenente e sua equipe de mecânicos desenvolveram a base técnica adotada até hoje para se produzir a fumaça dos aviões da Esquadrilha, que então ganhou o seu nome definitivo.
- Entre as principais manobras, estão: o split, espelhão, bolota, bomba, break, cruzamento duplo (foto), coração, looping em leque (foto), looping com desfolhado;
- “Fumaça... Já”: esta é a ordem do comandante para o acionamento da fumaça durante a demonstração. De tão tradicional, a frase acabou virando um grito de guerra da Esquadrilha da Fumaça;
- Técnica: um tanque armazenando óleo fino está ligado por uma mangueira ao escapamento do avião. Acionado pelo piloto, o óleo é injetado no escapamento direito, que é o mais quente. No ar, o óleo se vaporiza e condensa, transformando em fumaça.
- Quantidade: de acordo com a FAB, são realizadas de 8 a 10 demonstrações por mês, sendo de 90 a 100 demonstrações por ano. Foram mais de 3300 demonstrações desde a sua criação;
- Guinness Book: em março de 1999, o Esquadrão recebeu certificado do Guinness Publishing de Londres, editora responsável pelo registro de todos os recordes mundiais no Guinness Book of Records, o livro dos recordes. O feito realizado pela Esquadrilha da Fumaça foi: "Em 23 de outubro de 1996, dez aeronaves T-27 Tucano, que equipam o Esquadrão de Demonstração Aérea da Força Aérea Brasileira, voaram em formação, todos de dorso, durante 30 (trinta) segundos, percorrendo uma distância de 3000 (três mil) metros".
- Novos recordes: A Esquadrilha já quebrou seu próprio recorde por duas vezes. Em 18 de maio de 2002, no cinqüentenário de nascimento, voou com onze aeronaves. Em 29 de outubro de 2006, mais uma vez superou sua própria marca, ao voar com doze aeronaves em formação, todos no dorso.
- Cores: Desde 2001, as aeronaves passaram a exibir as cores da Bandeira Nacional.
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